Extraviar a bagagem em uma viagem não é nada agradável. Todos os que já viveram esta experiência sabem que exigirá improviso e capacidade de adaptação. Mas, quando o destino é algum lugar que desejamos muito conhecer, a chegada e o desbravar do território, superam muito o inconveniente de não ter a bagagem.
Quando isso acontece temos que decidir se deixaremos o inconveniente roubar o prazer e os planos que temos para o lugar de destino. Os que possuem capacidade de enxergar o copo meio cheio, ao invés de meio vazio, certamente serão os que aproveitarão intensamente a oportunidade e lidarão melhor com o momento.
Viajar para lugares distantes, mudar-se de cidade, estado, quem sabe de nação, exige desapego. Quanto mais distante for o trajeto e quanto maior for a mudança, tanto maior deve ser nosso desapego. Por isso, ter capacidade de descartar o que é supérfluo é decisivo nestes momentos.
O destino deve ser mais importante que a bagagem
Na viagem da vida, muitas vezes insistimos em trilhar caminhos longos com bagagem excessiva. Tentamos carregar objetos, lembranças, traumas que subtraem a leveza e diminuem nossa velocidade. Portanto, quando nossos sonhos são ousados e quem sabe maiores do que nós, temos que ser práticos.
Quando insistimos em levar bagagem excessiva, seja em uma viagem curta ou longa, em geral isso nos causa inconvenientes. Isso é uma verdade natural e espiritual também. Nossos sonhos e projetos precisam ser perseguidos com determinação e praticidade.
Portanto, se a bagagem é mais importante que o destino, teremos a tendência de dificultar e quem sabe atrasar o percurso. As mulheres são menos práticas neste aspecto do que os homens. Homens ocupam menos “espaço” no banheiro e no guarda-roupas. Claro que não podemos generalizar, certamente existem mulheres muito práticas também.
No entanto, quando se trata da trajetória da vida, nem homens nem mulheres se destacam pela praticidade, já que muito de nossa bagagem não é facilmente descartada. As dores, decepções, frustrações e memórias são difíceis de descartar, independente do sexo ou idade. Esta decisão é tomada quando percebemos que o excesso de bagagem compromete nosso destino.
As encruzilhadas da vida
São as encruzilhadas da vida que nos obrigam a descartar coisas, e quem sabe memórias associadas a pessoas de nosso convívio. O descarte as vezes é físico, outras vezes é mental e emocional apenas. Descartar não significa que o objeto ou a circunstância não tenha exercido um papel ou que não tenha valor.
Inegavelmente são os objetos mais raros, e aqueles que são mais carregados de lembranças que são os mais difíceis de ser descartados. As pessoas que passam por nossas vidas não são descartáveis, elas deixam suas marcas e cumprem um papel, mas existe um tempo exato e preciso para mantê-las por perto. Estender esse prazo pode representar atrasos e quiçá retrocessos.
É imprescindível ter coragem de partir, de abandonar e de prosseguir, sem bagagem excessiva de qualquer espécie. Colecionar experiências que nos deixam melhores e nos amadureçam é sábio. No entanto, existem memórias que só acrescentam peso a nosso trajeto. Nossa mente precisa ser preenchida com o novo, com aquilo que combina com o lugar para onde estamos indo.
“Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.”
Henry Ford
Nosso futuro e a concretização de nossos sonhos dependem de um posicionamento individual em relação a tudo que representa fracasso em nossas vidas. Este é um papel que não pode ser terceirizado. É urgente e importante que tenhamos coragem de aliviar o peso de nossa bagagem.
A vida nos encurrala
Deveria ser uma atividade diária, mas em geral quando estamos encurralados é que atentamos para importância de aliviar o peso. Às vezes é preciso o físico gritar. As doenças psicossomáticas são um bom exemplo disso. Saiba que qualquer peso extra e desnecessário em sua jornada pode e deve ser descartado, porque chegar é mais importante do que possuir.
Esta não é uma prerrogativa da vida adulta, desde cedo aprendemos a necessidade de substituir o velho pelo novo. Largar o bico e a mamadeira, trocar de escola e perder colegas são as primeiras experiências que conduzem a maturidade. Um novo emprego, um novo relacionamento, o convívio diário com um amigo que deve ser substituído por contatos esporádicos, são dinâmicas da vida adulta que nos conduzem para nosso destino.
Reconhecer a necessidade de lidar com essas mudanças é parte integrante do processo de crescimento. Não é sábio lamentar em demasia as perdas e os fracassos. Devemos carregar na bagagem o estritamente necessário para o destino que nos aguarda.
“…quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”
Filipenses 3:13b,14