nascimento de Jesus

O nascimento de Jesus, o menino Deus, foi cercado de peculiaridades e nenhuma delas está desvinculada de um significado. O fato de ter sido concebido a partir de uma semente incorruptível e ter sido gerado em um ventre humano, deu a Ele as características de um Deus Homem. O único de sua espécie a habitar nesta terra. Ele era cem por cento homem e cem por cento Deus. Um Deus esvaziado de sua natureza sobrenatural e de sua imortalidade. Por mais que o conceito desafie nosso intelecto, é sobre ele que está fundamentado o cristianismo. O Criador, voluntariamente, transforma-se em criatura e passa a habitar entre nós.

“…mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a qualquer custo. Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos seres humanos. E, reconhecido em figura humana, ele se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.” Filipenses 2:6-8

O esvaziamento foi voluntário e consciente. Fez isto por amor e desde o seu nascimento até o dia de sua crucificação renovou sua decisão de prosseguir. Por isso, todo que dele é nascido, persevera, luta e caminha na direção estabelecida, mesmo quando ela aponta para um lugar de morte. O discípulo não é maior do que seu mestre, portanto, os seguidores de Cristo necessitam incorporar esta abordagem em suas escolhas e na maneira como encaram os desafios.

O nascimento profetizado

Embora o nascimento do Filho de Deus tivesse sido profetizado e anunciado desde a promessa feita a Abraão e a posterior aliança com Israel, seus contemporâneos tiveram dificuldade em reconhecê-lo como Messias. Este obstáculo perpetuou-se ao longo das gerações e ainda hoje é uma realidade. Ou seja, Ele continua sendo uma figura que confunde os sábios e entendidos e que revela-se aos que tem humildade de admitir que dele precisam. Não se trata de uma eleição prévia de alguns em detrimento de outros, no entanto, o livre arbítrio transforma-se no filtro natural que elimina a possibilidade de que os orgulhosos e soberbos o identifiquem.

“Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são. 1 Coríntios 1:27,28

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu. O governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Isaías 9:6

As coisas loucas

As coisas loucas e as que não são, como diz o texto acima, são aquelas que, como seu lugar e circunstâncias de nascimento, confundem quem avalia o entorno por sua aparência externa apenas. Ou ainda, que valoriza o glamour, o aplauso e o reconhecimento humano como uma espécie de chancela em relação ao que tem valor. É, também, uma cena que confronta toda necessidade de aprovação e de publicidade. Uns poucos pastores, alguns animais e três reis guiados por uma estrela o encontraram naquela noite. A manjedoura representava e resumia o que seria sua trajetória nesta terra. Ainda que Ele tivesse poder para ressuscitar mortos e trazer à existência o que não existe, os olhos que teriam acesso aos seus milagres seriam o daqueles que estivessem vazios de si mesmos, como Ele estava.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” João 1:1-4 e 11-14.

Ainda há lugar na mesa

Embora seu nascimento e sacrifício tenham sido universais, portanto, extensivos à toda humanidade antes e depois dele, alguns optaram por não reconhecê-lo como o Cordeiro de Deus. Estes, legitimamente, seguem suas vidas independentes e, não raro, vazias de significado. Pois, não seria lógico que a encarnação do amor não nos deixasse livres para escolher. Porque, seu nascimento assim como sua morte, foram a demonstração palpável e inequívoca do quanto se importa. A partir deste gesto do Pai na nossa direção, fica claro, também, o valor que cada ser criado tem para Ele. O acesso ao Pai foi devolvido e o homem tem a chance de viver, novamente, uma vida de comunhão com seu Criador. É disto que se trata o presépio, pois, anuncia a chegada de um Rei que governaria por outros meios.

Seu nascimento inaugurou uma outra classe de pessoas e de liderança. Ele não acusaria, não coagiria, nem condenaria. Anunciaria a verdade e serviria como modelo e padrão, revelando o coração de um Deus infinito, imutável e eterno e ofereceria a eternidade aos homens. Ele nos amou até a morte e morte de cruz para que a verdadeira vida brotasse.

“Em verdade, em verdade lhes digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo irá preservá-la para a vida eterna.” João 12:24,25

“Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem… e dou a minha vida pelas ovelhas. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. Ninguém tira a minha vida; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. João 10:14-18