A páscoa, celebrada por cristãos e até mesmo por ateus nesta semana, é uma festa com grande significado. Para os que reconhecem Jesus como centro da celebração, ela representa a esperança da vida abundante e eterna. Foi nesta data que o Cordeiro de Deus foi sacrificado em uma cruz, para que nosso acesso a Deus fosse restaurado.
A festa foi instituída no contexto judaico, quando o povo de Israel era escravo no Egito. Ela celebrava a libertação de anos de escravidão, sendo o principal elemento da festa um cordeiro. O sangue do animal, aspergido nos umbrais da residência dos israelitas, os livrou da morte e da escravidão, inaugurando o início de sua peregrinação rumo à terra prometida. A carne do animal era saboreada, acompanhada de ervas por toda família.
Como todo aspecto do antigo testamento é figura de verdades do que Jesus veio cumprir, a morte do cordeiro apontava para um sacrifício definitivo. Este sacrifício aconteceu na encarnação do Cordeiro de Deus – Jesus – o Deus-homem. Sua morte na cruz, igualmente, nos liberta de uma vida de escravidão, nos unindo ao Criador, assim como estabelece o início de nossa jornada rumo à eternidade.
Um cordeiro ou um coelho?
Atualmente é comum associar a páscoa à figura do coelho, com algumas simbologias que remetem à renovação, fertilidade, etc… Porém, quando comparamos com o sentido original vinculado ao cordeiro, o coelho passa a ser uma figura aguada, que não exprime a profundidade do que aconteceu nesta data. É uma tentativa de substituir o verdadeiro animal, atrelando a ele um apelo comercial.
O animal designado por Deus para celebração desta festa sempre foi o cordeiro, porque Ele já havia estabelecido, antes da fundação do mundo, que enviaria Jesus como o Seu cordeiro pascal. Celebrar a festa com este entendimento nos leva a refletir sobre a importância deste ato.
Foi naquela cruz há mais de dois mil anos que Jesus dividiu a história em antes e depois de seu nascimento (a.C e d.C). Só este fato seria suficiente para despertar em nós interesse de averiguar os reais motivos que levaram Jesus à cruz. Assim como em Adão (o primeiro homem) todos nós pecamos, em Jesus (o último Adão) todos nós fomos resgatados.
Respondendo algumas perguntas
Resgatados exatamente do que? Que tipo de escravidão nos prende? O que este sacrifício representa de prático em nossa experiência atual? Como experimentar a realidade do que aconteceu naquela cruz? Estas são todas perguntas legítimas, sobre as quais deveríamos meditar, buscando obter respostas.
“O cristianismo, se é falso, não tem nenhuma importância, e, se é verdade, tem infinita importância. O que ele não pode ser é de moderada importância.” C S Lewis
A realidade da páscoa é experienciada quando ousamos admitir que precisamos de um redentor. Quando, igualmente, admitimos ter uma natureza pecaminosa, que tende a escolher o erro. Por consequência, temos que reconhecer que somos incapazes de mudar essa natureza, sem a ajuda de Deus. Já que ela é parte de nosso DNA, e foi uma mancha herdada de Adão.
Por isso, nossa trajetória precisava da intervenção de um salvador. Este salvador precisava ser um homem, para vencer na forma humana em nosso lugar. Ele não poderia pecar, já que o cordeiro aceito por Deus deveria ser sem pecado. Esse lugar foi ocupado por Jesus, quando suportou tentações que eu e você não seríamos capazes de suportar.
Ele morreu a nossa morte, para que pudéssemos viver a Sua vida. A páscoa é lugar de morte, mas também de ressurreição, de esperança, de vida eterna. É o lugar onde o caminho de volta é aberto. Onde a comunhão com Deus passa a ser possível, sem barreiras e sem esforço.
A decisão é pessoal
No entanto, embora Ele tenha morrido por todos, nem todos reconhecem neste sacrifício uma oportunidade de resgate. Isso se deve ao simples fato de que fomos criados com livre arbítrio. Esta liberdade nos é concedida para que possamos escolher incluí-Lo em nossa experiência pessoal ou não.
A humildade de Seu nascimento revela o caráter do Pai, que é imutável. Por isso, a salvação de nossa alma não pode ser imposta. Do contrário, se fosse inclusiva ou imposta, contrariaria o princípio de liberdade com que nos criou. A salvação é oferecida como uma opção de vida. Ele se oferece e nos faz o mesmo convite que fez aos discípulos: Segue-me.
Nossa resposta a este convite determina o quanto do “Cordeiro de Deus” conheceremos. É um convite para um relacionamento, não o comprometimento com uma religião ou lista de regras. Por isso, a humildade do nascimento também é percebida na forma como se entregou. Ainda que seja nosso Criador, deixa-nos escolher se queremos ou não ser filhos.
“Nunca alguém tão grande se fez tão pequeno para tornar grandes os pequenos.” Augusto Cury
Entendendo o sentido da páscoa
Portanto, o verdadeiro sentido da páscoa é reconhecer que naquela cruz, Jesus comprou nosso resgate. Ele nos incluiu na família de Deus, repartindo o Pai conosco. Sentir-se filho, deixando de ser apenas criatura, faz toda diferença para quem deseja encontrar sentido nesta vida. Deixamos de ser criaturas quando reconhecemos no sacrifício da cruz o plano perfeito de Deus de adoção.
Fomos enxertados na família de Deus através da morte e ressurreição de Seu cordeiro. O Unigênito transforma-se em Primogênito. Sua ressurreição é a garantia de que fomos desenhados para eternidade. Receberemos um novo corpo, que não se deteriora com o tempo e uma nova natureza, porque a vida não cessa após a morte física. O homem nasceu para ter vida eterna e isso também foi resgatado naquela cruz.
No entanto, não temos a opção de terceirizar esta tarefa de reconhecê-Lo como salvador. A fé precisa ser nossa. Deus não possui netos, Ele possui apenas filhos. Cada um de nós precisa de uma experiência pessoal com o Criador e Salvador de nossa alma. Ele morreu para que tivéssemos vida. Por isso, espera que reconheçamos voluntariamente o tamanho do amor que demonstrou por nós quando enviou Jesus.
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá.” Jesus Cristo
Feliz Páscoa!