O colorido da vida precisa ser revelado através de olhares curiosos e atentos. Já que, um simples momento pode ser colorido ao decidirmos ser portadores de cor. Pois, a vida nos oferece alguns objetos e circunstâncias descoloridos, pálidos e é nossa tarefa colori-los. A criatividade envolvida neste processo é inata, pois, embora alguns não se percebam criativos, todos aplicamos doses de originalidade em tudo que fazemos. Certamente, alguns exploram mais este aspecto de sua personalidade do que outros. Mas, sem dúvida, todos temos capacidade de inovar através de nosso toque peculiar.
Portanto, a escolha das cores, assim como a ausência delas, reflete muito de quem somos. Ou seja, temos tendência de influenciar os ambientes dos quais fazemos parte com nosso colorido. Este é um de nossos papéis na relação com nosso semelhante e naquilo que fazemos. Pois, a paleta de cores de alguns é composta de cores vibrantes, alegres e contrastantes. Outros preferem os tons pastéis e cores neutras e é importante destacar que neste quesito não existe certo ou errado. Por isso, o simples fato de termos preferência por determinada cartela de cores indica que nosso gosto e singularidade está se expressando.
Refletimos isso na escolha das roupas, da cor do carro, das paredes da casa, da decoração, etc. Tudo em nosso ser e nos ambientes sobre os quais temos gerência, carrega um pouco de nosso olhar. É inevitável, portanto, que nossa presença se expresse e sufocar isso é inadequado. Porque, mesmo quando não temos autonomia para tomada de decisão, temos um ponto de vista. Pois, nossa ótica é formada por coisas que nos agradam ou desagradam sendo resultado da complexa estrutura de nossa psiqué.
O colorido da diversidade
Obviamente, gosto não se discute, por isso, há que se ter consenso no que diz respeito à necessidade de considerar a opinião alheia, nem sempre objetivando a unanimidade. No entanto, as predileções corriqueiras e cotidianas denunciam muito quem somos. Nem sempre, no entanto, isto é facilmente detectado, pois, a rotina desgasta nossa capacidade de perceber o tanto de nós que repartimos com os outros, como quando escolhemos o que vestir, por exemplo.
Portanto, comunicamos mensagens subliminares por cada poro de nosso ser, à cada segundo de nosso dia, sendo natural não valorizar os pequenos gestos e escolhas. Contudo, é importante identificar nosso DNA no que fazemos, pois, nossa impressão digital se manifesta sempre que ousamos ser quem somos.
“A maior dor do vento é não ser colorido.” Mario Quintana
O simples fato de impactarmos outros com o que fazemos e com quem somos indica que fomos criados para fazer diferença. Porque, ninguém na face da terra nasceu sem um propósito ou desprovido da capacidade de contribuir. Contudo, precisamos revisitar esta realidade com certa frequência. A avaliação honesta de como fazemos uso desta influência nos possibilita ajustar os excessos e avançar na direção do aprimoramento.
Criados para impactar outros
Por isso, um dos aspectos que compõe a realização pessoal é o senso de que somos capazes de somar de alguma forma. Inegavelmente, somos mais completos quando repartimos quem somos com o outro, influenciando-o com nosso exemplo. Nascemos com a necessidade de pertencer e a vida saudável em comunidade pressupõe a troca.
Porque o equilíbrio acontece sempre que repartimos, sem constrangimentos, nossas opiniões e gostos e ouvimos o outro com respeito. De fato, ao repartir um pouco de quem somos nestas interações, o senso de valor aumenta. Contudo, existe o risco de bloquearmos esta aptidão devido à alguma experiência negativa passada.
Isto é, podemos ter sido mal interpretados ou quiçá feridos em alguma circunstância em que tivemos coragem de expressar algo. No entanto, precisamos separar o objeto do autor. Isto é, o que pode ter sofrido crítica é uma ideia ou preferência, não quem somos. Já que, nós é que concedemos ao outro o direito de nos diminuir, quando desaprova algo que expressamos. Por isso, é importante ser capaz de lidar com opiniões divergentes.
O grande erro
O grande erro é conceder aos outros este poder de limitar nossa expressão. Pode bem ser uma limitação velada, mas, se ela nos bloqueia, precisamos lidar com este fato. Pois, ao anularmos alguma característica de nossa personalidade destruímos um pouco de quem somos. Indiscutivelmente, pessoas bem ajustadas brigam por seu espaço sem intimidar-se.
Pois, entendem seu valor e papel, sabendo que ninguém tem direito de roubar-lhes este espaço. Contudo, são reais e variados os motivos que nos levam a abandonar esta posição. Mas, nenhum deles deve servir de prerrogativa para manter-nos na condição de anonimato.
“Na realidade trabalha-se com poucas cores. O que dá a ilusão do seu numero é serem postas no seu justo lugar.” Pablo Picasso
Os dois lados da moeda
Diz-se que o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença. Sempre que pessoas nos oferecem sua indiferença elas nos agridem. Contudo, nós podemos estar sendo indiferentes também ao negligenciarmos nosso papel. Isto é, além de nos limitar, a ausência de protagonismo machuca quem espera poder contar conosco. Por isso, deveria ser proibido se esconder ou optar por não se expressar. Alguns vestem-se com a capa da timidez ou até da humildade, objetivando aplacar seus medos.
Portanto, estas são justificativas inválidas quando o que está em jogo é nossa realização pessoal. Contudo, temos que dosar corretamente o que expressamos, já que não temos autorização para reagir de forma agressiva ou incoerente. Pois, nem sempre nos é concedida a opção de ser ouvido ou o espaço para expressar o que pensamos. Contudo, nenhuma situação externa deve influenciar quem somos ou anular nosso ponto de vista.
Porque, mesmo quando não somos ouvidos, podemos resguardar nosso território. As pessoas que aceitam passivamente que outros assumam o comando e tomem decisões por elas são pessoas que precisam descobrir seu valor. Cada vez que um de nós se cala ou retrocede o mundo fica menos completo, menos colorido, perde beleza. Porque o dano não é causado apenas na vida de quem se retrai, ele acontece em igual medida na vida dos que são privados de nossa contribuição.
Só repartimos o que temos e somos
É fato que pessoas feridas ferem. Talvez tenhamos lembranças que tenham nos influenciado negativamente e que nos fizeram assumir posturas defensivas. Elas podem se expressar através de uma retração consciente ou inconsciente. Mas, seja lá o que for que tenha gerado este desconforto é infinitamente menor do que nossa capacidade de resolver o conflito. Pois, além de nossa necessidade de encontrar nosso lugar ao sol, outros esperam por nosso posicionamento.
Pois, os vínculos que temos com quem nos rodeia nem sempre são sanguíneos, mas, existem em alguma medida. Eles podem ser explícitos ou não, contudo, é fato que nossa vida está interligada com a vida de quem nos cerca. Nossas decisões, quer gostemos ou não, afetam aos outros de forma positiva ou negativa, por isso, nossa retração diminui o outro também.
“O espelho reflete a imagem da alma, que pode ser branca e preta ou colorida. A escolha é sua.” Beatriz Sebastiany
Desvendando o colorido
Por isso, perdemos e geramos perda sempre que vivemos uma vida menor do que aquela que fomos desenhados para viver. Nossos sonhos precisam ser perseguidos e as cores que carregamos precisam ser vistas e conhecidas. Existe um livro para ser escrito, uma canção que ainda não foi composta, um experimento que ainda não foi feito. Em resumo, existe algo que só você pode fazer, ninguém mais. Já que, fomos desenhados para colorir nosso mundo com as cores que carregamos.
Nosso cheiro, nosso olhar, nosso abraço, nosso carinho, nosso ouvido, pode mudar o dia de alguém. Negligenciar este papel nos deixa menores e diminui quem está à nossa volta. Por isso, não permita que ninguém diga que a cor que você usou para pintar seu dia é feia ou inadequada. Ela é a contribuição que você tem para dar ao mundo e precisamos dela para que o mundo fique mais colorido. Todos nós vivemos dias cinzentos ou sombrios e neles temos permissão para usar cores que expressem nossa tristeza. No entanto, não é sábio permanecer indefinidamente na condição de anonimato.
Temos dentro de nós capacidade de mudar nossa trajetória e a de quem nos cerca. A descoberta de nosso valor e a ousadia de viver algo novo é o que dá sentido à nossa existência. O mundo tem espaço suficiente para absorver nossa contribuição. Ela é bem-vinda e necessária. Ainda que ninguém tenha dito hoje que você é importante – saiba que para Deus sua vida tem valor. Foi Ele quem formou cada célula de seu corpo. Ele nos criou e não nos fez iguais de propósito. Ele ama a diversidade e espera que imitemos Sua ousadia usando as cores que nos deu. O mais singelo gesto deixa marcas. Por isso, temos em nossas mãos capacidade de colorir nosso cotidiano.
“Não há dias cinzentos para aqueles que sonham colorido.” Dr. Cowboy