Em administração o conceito de poder e autoridade são distintos. A aplicação destes conceitos, no cotidiano, nem sempre é compreendida. No entanto, pode ser facilmente identificada. Uma pessoa pode exercer poder sem autoridade e vice-versa. O ideal é possuir ambos, mas isso é a exceção, não a regra.
Poder é a capacidade de obrigar, por causa de sua posição ou força, os outros a obedecerem sua vontade, mesmo quando preferem não fazê-lo. Enquanto, autoridade é a habilidade de levar outros, de boa vontade, a fazer sua vontade. O poder é comprado e vendido, dado e tirado. Por outro lado, a autoridade é a essência da pessoa, está ligada ao seu caráter.
Todos conhecem líderes que possuem só poder ou só autoridade, e são raros os que possuem ambos. Pessoas que lideram apenas por poder possuem equipes inibidas, com talentos paralisados e sem a sensação de pertencimento. Porém, os que lideram apenas com autoridade, dedicam mais tempo para ouvir o grupo. Consequentemente, possuem equipes mais coesas e comprometidas.
A verdadeira liderança
Inegavelmente, a verdadeira liderança é a que contém os dois ingredientes. A dosagem certa de autoridade e poder é determinante. Quando a autoridade não é acompanhada de poder, o indivíduo fica deslocado de uma posição que permita exercer influência. Por isso, a autoridade precisa ser reconhecida e o poder para exercê-la concedido, tornando-a legítima.
Por outro lado, uma pessoa que possui poder e não adquiriu autoridade é aquela que exige o reconhecimento. Ela pode ou não possuir conhecimento e maturidade para exercer o poder que lhe foi concedido, mas em geral, teme os que possuem autoridade. O poder desvinculado da autoridade pode ser muito danoso.
“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Abraham Lincoln
A verdadeira liderança acontece quando os dois componentes estão presentes na equação. Como a autoridade é fruto basicamente do caráter do líder, ela não nasce instantaneamente. A verdadeira autoridade é coroada no processo de espera. Embora ela precise do poder para ser legítima, ela aguarda o momento exato para ser estabelecida.
O verdadeiro líder não tem apenas poder
O verdadeiro líder é aquele que possui seguidores, não escravos ou súditos. Seguir alguém pressupõe uma decisão voluntária, baseada no reconhecimento de alguma característica atrativa. Se permitir ser liderado, é muito diferente de uma liderança imposta. Tanto em ambientes corporativos, como nos relacionamentos, pouco nos agrada a imposição.
O verdadeiro líder é aquele que se deixou forjar pelo tempo e pelas circunstâncias e aprendeu a difícil arte da espera. A autoridade em sua vida foi moldada pelos fracassos e sucessos que acumulou. O poder não é seu alvo, embora entenda que precise do reconhecimento para exercer sua liderança.
A humanidade conheceu alguns líderes. Muitos deles influenciaram sua geração e deixaram um legado. Indiscutivelmente o maior de todos os líderes foi Jesus. Ele não veio estabelecer um governo ou liderança baseada em reconhecimento e aplauso humano ou político.
A liderança de Jesus
A liderança de Jesus foi pautada pelo serviço. A respeito dEle se diz que esvaziou-se de si mesmo e assumiu a forma de servo (Filipenses 2:7). Também está registrado que mesmo sendo Filho de Deus, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu (Hebreus 5:8).
Na escolha que fez de seus discípulos, Ele abriu espaço para um traidor. Relacionou-se com a traição oferecendo perdão e seguindo para a cruz. Aos discípulos ensinou que nenhum deles seria maior do que Ele, associando a posição que tinham, ao fato de que também seriam perseguidos. (Lucas 6:40).
Esta estratégia de liderança poderia ser questionada pelos estudiosos de nosso século, mas ela foi eficiente e eficaz. Transformou pescadores, cobradores de impostos e prostitutas em pessoas que transformaram sua geração. Influenciaram com seu exemplo, sem limitar seu nível de entrega. Alguns pagaram com suas vidas, sendo mártires.
O preço da liderança
O verdadeiro líder paga o preço dos momentos solitários e sombrios que moldam seu caráter. Davi conheceu estes momentos. Ao longo de sua trajetória de pastor de ovelhas até ser rei em Israel, ele foi perseguido e desprezado. Ele matou um urso e um leão, sem saber que estava sendo treinado para matar um gigante (I Samuel 17. 34-36).
Mesmo depois de ter sido ungido rei, não lutou pelo trono. Seu antecessor (Saul) receou tê-lo por perto, pois reconhecia a autoridade que estava sobre ele. Seu sucessor (Absalão) tentou usurpar seu trono à força. Em ambas circunstâncias ele esperou e cedeu espaço.
Seu exército foi formado por homens quebrados, endividados e foragidos (I Samuel 22:1-2). Ele, à semelhança de Jesus, transformou-os em homens valentes e guerreiros habilidosos. Por isso, a liderança de um homem é medida pela capacidade que ele tem de influenciar pessoas e mudar circunstâncias. Qualquer outro atributo pode ser somado, mas essa é a definição de alguém que conquistou autoridade e recebeu poder.
“As pessoas perguntam qual é a diferença entre um líder e um chefe. O líder trabalha a descoberto, o chefe trabalha encapotado. O líder lidera, o chefe guia.” Franklin Roosevelt