Olhar para dentro é avaliar nossa existência sob a perspectiva correta, ou seja, toda e qualquer análise que considere apenas o externo e natural, será incompleta e ineficiente. Pois, quando tentamos achar sentido nas coisas sob um prisma unicamente humano, erramos.
Erramos, porque o homem não é só corpo, só alma ou só espírito. Somos espírito, temos uma alma e habitamos em um corpo. A análise feita no sentido inverso será confusa e descabida. Somos seres complexos e únicos. Nossos valores e nosso coração deveriam estar fundamentados em coisas eternas, já que a eternidade foi plantada em nosso coração pelo próprio Criador.
Somente quando temos a visão correta do que nos rodeia, tanto as circunstâncias, como nossas limitações, é que podemos viver de maneira sábia. A verdadeira grandeza de nossa existência, está fundamentada na liberdade de voluntariamente nos esvaziar.
O verdadeiro homem
“Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes.” G. K. Chesterton
Fazer com que outros se sintam grandes é impossível quando temos necessidade de afirmação, ou pior ainda, quando nossa afirmação depende do rebaixamento de outros.
Certamente alguns de nós já estivemos na posição dos que são rebaixados e também dos que rebaixam. Ambas posições são desconfortáveis e produzem dano em nós e nos envolvidos. Não é sábio rebaixar, e ser rebaixado dói.
Qualquer um que reconheça o valor de sua existência, carrega o suficiente de Deus dentro de si, para o impedir de ultrapassar alguns limites. Da mesma forma, essa porção de Deus será o combustível necessário nos momentos em que somos alvo de ofensa.
O que está dentro é o que importa
Jesus nos deixou o maior exemplo quando, “esvaziando-se de si mesmo, tomou a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Filipenses 2.7). Desconheço forma superior de esvaziamento.
Nenhum ser humano pode rebaixar-se mais do que isso, ou pode queixar-se de ter sido rebaixado a alguma posição inferior a essa. Só faz isso, o que sabe de antemão o valor que possui, aquele cuja identidade foi estabelecida.
Quando medito nesta postura, de alguém que esvazia-se voluntariamente em prol de outros, sem ter a mínima garantia de ser compreendido ou aceito, entendo um pouco da limitação que carrego em mim mesma.
A obra da cruz
Por mais que nossa existência seja repleta de conflitos e desafios no que se refere aos relacionamentos, temos o exemplo maior que nos foi deixado como parâmetro. O caminho a ser percorrido será sempre de dentro para fora.
A obra da cruz foi perfeita e completa. Qualquer tentativa nossa de acesso ao coração do Pai fora dela é ineficiente. Voltemos hoje nosso olhar, e inclinemos nosso coração para o Único que conhece todas as respostas e que tem prazer em repartí-las conosco.