Fracasso é um evento, não uma pessoa. John Maxwell
Considerar fracasso como um evento, não vinculando-o ao valor da pessoa é o que separa o sábio do tolo. Ou seja, quando nos relacionamos com quem nos cerca em bases corretas, sabemos separar o feito de seu autor. Pois, muitos fatores influenciam nossas escolhas e algumas delas são erradas. Mas, nem por isso são menos importantes. Já que, todo processo de aprendizado pressupõe erro. Só não erra, quem não faz. E, tudo que se faz pela primeira vez não é perfeito. A prática de uma atividade é que agrega eficiência e destreza à sua execução. Pois, os especialistas em sua área de atuação, estabeleceram-se com doses de disciplina, dedicação e perseverança. Ninguém nasce sabendo e todos estamos vivendo pela primeira vez. Por isso, a frustração que acompanha alguns momentos não deve determinar quem somos.
Somos mais do que nossas conquistas. Portanto, não devemos medir nosso valor baseado nelas exclusivamente. Pois, nem sempre elas traduzem corretamente quem está por trás delas. Ou seja, nem sempre o domínio externo de uma atividade traduz coerentemente seu autor. O tempo testa não só a veracidade como a solidez de nossos feitos. Porque, a montanha russa de emoções e conflitos dos momentos difíceis não nos define. Pelo contrário, esta é precisamente a estação que propicia amadurecimento, pois, a pressão externa revela nosso interior. Por isso, quanto mais equilibrada é nossa motivação e estrutura emocional, tanto mais facilidade temos de nos desvencilhar e vencer os desafios da jornada.
O descontrole e a opção de achar culpados para nosso fracasso, denuncia e escancara nossa imaturidade. Já que, somos responsáveis pelas escolhas que fazemos e cada desafio é uma oportunidade de recomeçar à medida que revisitamos nossas premissas. Portanto, não se pode passar pela vida considerando que nossas posições não precisam ser lapidadas. A lapidação acontece exatamente no momento que nossa abordagem esbarra em alguma resistência. Ou seja, o contraponto que a vida nos propõe, através de situações diversas, é a chance que não deve ser desperdiçada. Os sábios são aqueles que aprendem com estes momentos e acrescentam bagagem ao seu olhar. Pois, nosso caráter é testado pelas circunstâncias nas quais estamos inseridos.
Fracasso não é permissão para desistir
Os que escolhem jogar a toalha são os que não entenderam a dinâmica da vida. São, também, aqueles que valorizam demais o aplauso e a vaia. Pois, quando atrelamos nosso valor ao que fazemos, teremos tendência de desestabilizar diante dos fracassos. O olhar de quem não está conosco na arena e que, portanto, não discerne nosso momento, não deve ter peso. Ou seja, temos que escolher que voz ouvimos. É decisivo separar o ponto de vista de quem, comprovadamente, torce por nosso sucesso; daquele que apenas critica. Porque, as críticas de quem não está do nosso lado são oriundas de uma posição equivocada. Já que, o amor e a empatia são demonstrados com gestos práticos.
Podemos medir o grau de comprometimento de uma pessoa conosco ou com uma causa, por sua disposição de se envolver. Quanto mais identificados estamos com algum objetivo, tanto mais disponibilidade temos de nos envolver com ele. Pois, gastar tempo e energia em projetos individuais ou corporativos denuncia o grau de importância que a atividade tem para nós. De maneira idêntica, denuncia o quanto quem nos critica está realmente se importando conosco. Já que, nem todos que estão ao nosso lado somam para que nosso objetivo seja alcançado. Eliminar estas vozes é tão importante quanto ouvir aqueles que realmente precisam ser ouvidos.
O que nos impede de jogar a toalha é possuir uma identidade sólida. Esta identidade nasce de momentos em que nossas motivações são colocadas em “xeque“. Certamente, são exatamente estes episódios que a vida usa para fortalecer nossas convicções ou ajustá-las. Não é vergonhoso reconhecer os erros. Pois, eles estão misturados com os acertos. É inadequado, no entanto, basear-se neles para desistir. Talvez tenhamos que nos reerguer de posições bem humilhantes. Contudo, mais humilhante seria permanecer nelas. O orgulho e a preocupação demasiada com a opinião do outro pode nos paralisar. Inegavelmente esse é um dos desafios que precisa ser superado.
“Ninguém pode fazer com que você se sinta inferior sem o seu consentimento.” Eleanor Roosevelt
Evitando a estagnação
As estações da vida assemelham-se às estações do ano. Temos nosso inverno emocional, e nele permanecemos até que a primavera chegue. Situar-se corretamente nos tempos e estações ameniza a dor dos ajustes. Não é possível frutificar fora da estação. Assim como não se pode imputar um desempenho exagerado a si mesmo, quando o momento exige quietude. Esperar e aprender com cada nova estação é imprescindível e determinante. Por vezes fazemos a coisa certa, na estação errada ou do jeito errado. Outras vezes deveríamos agir e permanecemos estagnados. O compasso dessas escolhas pode comprometer os resultados. Uma vez que acertar o passo é tão importante quanto se mover. Os intervalos entre as estações precisam ser respeitados.
As janelas de oportunidade que surgem em nossa vida se fecham. Desperdiçá-las por medo ou insegurança compromete nossos sonhos. Cada objetivo de vida que temos será conquistado à medida que aprendemos a viver um dia de cada vez; extraindo dele o que de melhor nos oferece. Pois, olhar demasiadamente para o passado ou temer o futuro nos paralisa. Porque, deixar-se moldar e definir pelas sombras e fantasmas do que passou é tão nocivo quanto temer demasiadamente o futuro. Estas posturas são dois lados de uma mesma moeda.
“O meu maior medo foi sempre o de ter medo – física, mental ou moralmente – e deixar-me influenciar por ele e não por sinceras convicções.” Eleanor Roosevelt
Somos responsáveis por nossas escolhas
“A filosofia de uma pessoa não é melhor expressa em palavras; ela é expressa pelas escolhas que a pessoa faz. A longo prazo, moldamos nossas vidas e moldamos a nós mesmos. O processo nunca termina até que morramos. E, as escolhas que fizemos são, no final das contas, nossa própria responsabilidade.” Eleanor Roosevelt
Saber diferenciar uma estação de outra e que vozes nos influenciam é essencial. Assim como é determinante nos responsabilizarmos pelas escolhas feitas. Nosso protagonismo não pode ser negociado ou terceirizado. As chantagens emocionais e os jogos de manipulação, que esvaziam nossa identidade, não serão admitidos quando estas premissas forem estabelecidas. O pano de fundo de nossos conflitos será sempre uma mescla de emoções, escolhas e aprendizados. Quanto mais essa narrativa for clara, tanto maior será nossa capacidade de codificá-la corretamente. Ou seja, quanto mais limpo e controlado nosso mundo interior estiver, tanto maior será nossa capacidade de escolher certo.
A valentia e a maturidade nascem precisamente nos duelos que travamos conosco mesmo. Quem teme esta avaliação, ou pretende ignorá-la; perde. Pois, engana-se quem pensa que temos poder sobre o outro. O único poder que realmente temos é sobre nós mesmos. Não somos donos de ninguém. Não nascemos para este tipo de conquista. Nascemos com a necessidade de conquistar territórios internos que nos transformam em pessoas mais completas. O bisturi dessas cirurgias que, nos curam ou nos aleijam, está em nossas mãos; não na do outro. Nós decidimos o que a dificuldade extrairá de nós e onde depositaremos os detritos. Ou seja, o que nos sara é a remoção dos excessos e o que nos deforma é o movimento impreciso e descontrolado que nós mesmos promovemos.
A faca do outro não pode nos moldar se não permitirmos. Ela poderá nos ferir, mas jamais pode nos definir. Ganha quem assume para si a responsabilidade do que fará com os pratos que a vida serve. Podemos nos alimentar deles, processando os ingredientes e eliminando o que não presta. Ou, escolher jogá-los no rosto de quem está à nossa volta, como se fossem os responsáveis por eles. O fracasso não nos derrota quando entendemos que ele é um dos ingredientes deste prato. Pois, dele podemos extrair muita substância e energia para continuar lutando. Ele apenas sinaliza que continuamos na arena, ao lado daqueles que, como nós, não desistiram de lutar.