Secretária Executiva Era Digit@l

Ser secretária executiva, assim como atuar em qualquer outra profissão, exige vocação. Não me refiro ao tipo de chamado nato ou qualquer aspecto místico que esteja por trás do termo. Pois, o que considero vocação pode bem ser adquirido, aprimorado, lapidado e aprendido. Como qualquer talento que se pretenda desenvolver, a dedicação a uma profissão específica deve ser aprimorada. Por isso, a distância que existe entre um desempenho medíocre de uma atuação brilhante é a mesma que existe entre a decisão de quem assume o protagonismo de sua vida de quem decide arrumar desculpas que justifiquem seu fracasso.

Portanto, é decisivo que assumamos nosso papel de agentes das mudanças que desejamos. Culpar quem quer que seja por nossa derrota não é inteligente e não nos leva muito longe. Estacionamos quando olhamos para o lado ou para trás. Só temos o hoje, pois o que passou não pode ser alterado e o amanhã não nos pertence. Concentrar energias no agora é viver um dia de cada vez. É exatamente esta postura que desencadeia o aprendizado. Não importa o tamanho da montanha que tenhamos que transpor, se tivermos garra para viver o hoje, chegaremos do outro lado.

“O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer.” Abraham Lincoln

O início

O início de qualquer atividade é sempre desafiador, em minha trajetória profissional não foi diferente. Ou seja, eu sabia o que não queria fazer, mas ignorava o que realmente deveria ou poderia fazer. Aliás, conheço poucas pessoas que aos dezessete anos sabem exatamente o que querem da vida e conseguem projetar seu futuro com exatidão. Certamente existem alguns com esta capacidade, mas, definitivamente, não era o meu caso. Conseguia eliminar, facilmente, algumas profissões do meu radar e sabia que a parte administrativa, os papéis e a organização faziam algum sentido. O que para alguns representava uma prisão ou quem sabe um castigo, era um mundo ao qual eu pertencia sem esforço.

Depois de ter feito um curso técnico em secretariado, tive minha primeira oportunidade profissional. Mesmo sabendo que teria uma longa trajetória de aprendizado me aguardando, encarei com otimismo a chance de ter meu primeiro salário. Apesar de não precisar dele para meu sustento, sempre soube que era o meio legítimo de conquistar minha independência financeira. Aparentemente, a vida não havia mudado tanto assim. Pois, as verdadeiras mudanças são graduais e incorporam-se ao nosso DNA sem que percebamos. Aos poucos percebi o quanto aquele convívio com novas responsabilidades me afetava e moldava.

“A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.” Oliver Goldsmith

O meio

Apesar de ter tido o privilégio de iniciar como efetiva, sem precisar estagiar (nada contra os estagiários), instintivamente absorvi todo ensino que estava ao meu alcance. Não desprezei oportunidades de agregar informação e conhecimento ao que já sabia da profissão. Minha primeira experiência como secretária foi em uma escola. As rotinas não eram dinâmicas e nem sempre estava motivada por algum novo desafio. Mas, durante os cinco anos em que lá trabalhei, aprendi muito. Sem dúvida alguma, foi durante este tempo que o alicerce sólido sobre o qual construí minha carreira foi edificado.

Lá se vão mais de trinta anos de jornada. Passou muito rápido! Jamais imaginava que aquele início me levaria para o lugar onde estou. Ao longo desta trajetória conheci pessoas generosas, dedicadas, inteligentes, gentis, que com empatia e profissionalismo repartiram comigo não só conhecimento, mas especialmente suas vidas. Inegavelmente, muitas destas contribuições não foram voluntárias e intencionais. Contudo, ocorreram porque eu estava interessada no amadurecimento. Ou seja, temos poder de decidir aprender com erros e acertos, assim como com cada novo desafio que enfrentamos. Porque, na busca pelo aprimoramento, temos que fazer escolhas individuais, que não podem ser terceirizadas.

“O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou na jornada.” Abraham Lincoln

O fim

Minha geração é analógica e migrou para o digit@l ao longo de sua trajetória. Iniciei usando uma máquina de escrever manual. Atualmente, resolvo a maioria dos assuntos apenas com um celular. Para os mais jovens é corriqueiro contar com a velocidade que a tecnologia imprimiu em nossa rotina. Mas para quem, como eu, esperou pelo tempo de revelação de uma fotografia ou usou pela primeira vez um telefone para falar com outra cidade ou estado, sabe quão desafiador é acompanhar estas mudanças. Sempre gostei e enxerguei a tecnologia como aliada, contudo isso não diminui o desafio que é se reinventar.

Ao iniciar minha trajetória profissional, pensava na aposentadoria. Minha geração pensou e pensa em algum momento em que o relógio deixa de reger nossa rotina. Momento esse, em que as escolhas podem ser feitas com mais liberdade. Por isso, eu vislumbrava uma linha de chegada e, cruzei-a simbolicamente, quando me aposentei. Estar aposentada, contudo, não altera em nada minha essência. Pelo contrário, a instiga a perseguir novos aprendizados e novos desafios. Em um novo formato, com outro tipo de bagagem, a secretária de hoje é diferente daquela que iniciou sua trajetória há trinta e cinco anos. Mas ela não deixa de existir com a aposentadoria, porque agora já se confunde com quem eu sou.

Missão, Visão e Valores

Ao migrar da experiência de trabalhar em uma escola para o ambiente corporativo, absorvi conceitos de missão, visão e valores. Ainda que a absorção destes conceitos tenha sido intuitiva, ela é determinante para que possamos corresponder às expectativas das organizações onde atuamos. Assim como as empresas são regidas por estes princípios, cada colaborador possui sua missão, sua visão e valores pessoais. A verdadeira sinergia acontece quando estamos atuando em locais onde existe correspondência entre o que a instituição deseja promover e/ou produzir com o projeto de vida que temos.

Na profissão de secretária temos envolvimento muito direto com o profissional que personifica, dentro das organizações, estes princípios. Por isso, não basta saber fazer, temos que nos doar em níveis que não são exigidos em outras profissões. O trabalho passa por quem somos, porque entra em contato com quem cada executivo é. Não raras vezes nos envolvemos com situações familiares do profissional e necessidades que ultrapassam as demandas do escritório. Existe riqueza neste convívio, para aqueles que se percebem na posição de facilitadores do desempenho deste executivo e de sua equipe.

Por isso, pessoas que tenham mais dificuldade de atuar nos bastidores, sofrerão mais com as dinâmicas desta profissão. Contudo, aquelas que se adaptam à essa realidade, entendendo que servir um café é tão importante quanto enviar um email ou apresentar um relatório, são as que humanizam seu desempenho, conquistando mais do que o salário mensal como prêmio. Porque no final do dia o que importa é ter a sensação de dever cumprido, de ter feito a coisa certa, na hora certa, do jeito certo.

“Jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo.” Albert Einstein

Mulher

Ser mulher é uma dádiva, porque nascemos com uma capacidade de superação nata. Isto é, o lugar ao sol que almejamos precisa ser conquistado com mais garra e determinação. Apesar de não me considerar feminista, pois existem alguns apelos no movimento feminista que não me representam, não tenho objeção alguma com quem é. Contudo, acho legítima a defesa de nosso espaço na sociedade como indivíduos.

Acredito que a mulher tem um papel único a exercer na sociedade. Pois, esse espaço jamais poderá ser ocupado por homens. Porque eles têm outra função e outro papel. Por isso, é ilógico gastar energia tentando provar nossa capacidade comparando-nos com eles. Ou seja, a identidade bem definida é o que nos possibilita travar esta guerra a partir da posição correta. As mães, esposas, filhas, amigas, profissionais e mulheres de todas as raças, línguas, cores e nações têm uma essência que quando bem direcionada nos posiciona em vantagem surpreendente.

Especialmente aquelas que dividem seu tempo entre a rotina de uma profissão e da criação de filhos, sabem quão desafiador é equilibrar os pratos sem deixar que se estraçalhem. Afinal, todos os papéis são importantes. Portanto, temos que usufruir de nosso instinto nato de cuidado e de gerar, canalizando este potencial na direção correta. Temos dentro de nós competências não exploradas e capacidades que precisam florescer. Cada estação tem sua beleza e nunca é tarde para recomeçar.

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.” Madre Teresa de Calcutá

O curso

Durante esse período de pandemia, mesmo estando empregada, fiz uma retrospectiva do que vivi como profissional da área de secretariado ao longo dos últimos anos. Não se trata de nostalgia, mas daquilo que honestamente considero final de um ciclo. Nada ficou imune aos efeitos do distanciamento social imposto por esta crise sanitária mundial. Pois, abruptamente fomos encurralados e forçados a nos reinventar. Além dos tristes óbitos, alguns infelizmente perderam seus empregos e fazem malabarismos financeiros para sustentar seus familiares. Pensando nisso e no conhecimento que tenho da área de secretariado, criei o curso – A Secretária Executiva e a Era Digit@l.

Este curso não poderia ser em outro formato que não o digit@l. Por razões óbvias, o projeto me desafiou e é um convite para que cada colega que atua na área ou que deseja assessorar executivos se recicle. Aquilo que nos trouxe até aqui não é o que nos levará até lá. Ou seja, se continuarmos atuando no mesmo formato teremos os mesmos resultados. Temos um chamado a nos reinventar. Assim como uma máquina de escrever manual não faz mais parte dos equipamentos que usamos, a velha mentalidade precisa ser substituída pelo que o novo momento exige.

“A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.” Martin Luther King

A secretária e o novo normal

Mesmo que não atue em formato home office, a profissional da área de secretariado precisa estar pronta para enfrentar formatos híbridos ou presenciais com outra abordagem. Isto é, em pouco mais de um ano a mudança foi estabelecida quer gostemos ou não. Portanto é sábio expor-se voluntariamente ao novo. Qualquer nível de resistência intensificará a dificuldade de adaptação e retardará oportunidades que talvez estejam surgindo.

Temos que nos preparar para viver esta mudança de era. Assuma seu protagonismo e busque essa mudança! Ela não é  importante, apenas, para uma boa remuneração. Mas, porque somos capazes de nos reinventar e a superação acontece exatamente nos momentos de crise. Semeie hoje na mudança que você quer implementar em sua vida pessoal e profissional.

“Construí amigos, enfrentei derrotas, venci obstáculos, bati na porta da vida e disse-lhe: Não tenho medo de vivê-la.” Augusto Cury