profundidade oceanos

A profundidade dos oceanos é pouco explorada, por isso, sabemos pouco sobre o que abriga. Especialmente no que diz respeito às criaturas que lá vivem. Pois, a alta pressão exercida pela água e a ausência de oxigênio inviabilizam a permanência humana em regiões profundas. O ser humano em terra sofre pressão de uma atmosfera (um quilo por centímetro quadrado do corpo). No entanto, debaixo d’água o mundo fica mais pesado. Porque, a cada dez metros na direção do fundo do mar a pressão aumenta em uma atmosfera. Ou seja, as cavidades de nosso corpo recheadas de ar, pulmões e ouvidos, são apertadas pelas águas. Por isso, os danos em alguns casos podem ser irreversíveis.

O Monte Everest é o ponto mais alto do mundo, com impressionantes 8.848 metros de altitude. E a Fossa das Marianas é o local mais profundo do oceano que o homem foi capaz de explorar, com 11.034 metros de profundidade. O que se sabe, no entanto, é suficiente para afirmar que as criaturas que habitam águas profundas são dotadas de características únicas. Estudá-las, desvendando seus hábitos, é como entrar em um mundo paralelo. Cada uma delas, desde a mais minúscula até a gigantesca, são espécimes que possuem características indispensáveis que lhes possibilitam sobreviver neste ambiente. A diversidade de formas e tamanhos é impressionante, assim como seu colorido ou a ausência dele.

Este maravilhoso festival de formatos possui beleza. Os oceanos são lugares espetaculares não só para os estudiosos, mas para todos que apreciam diversidade. Tudo possui uma razão de ser, uma função, um porquê. Estes lugares escondidos da vista humana são carregados de mistério e desafiam as mentes mais brilhantes. Certamente, as profundezas dos oceanos não são os únicos locais inexplorados de nosso planeta, contudo, são um bom parâmetro para estabelecermos uma relação com nossa limitação. A imensidão das águas observadas da superfície ou em sua profundidade, denunciam a existência de um Criador. Até os mais céticos são capazes de admirar-se diante da maestria com que cada detalhe foi orquestrado.

A vida é como o oceano. É preciso mergulhar de cabeça para sentir a sua profundidade.” George Jung

Valorizando a grandeza que nos rodeia

Nosso pequeno planeta é cercado de beleza e mistério. O olhar mais atento captura estas nuances com facilidade, mas, andamos distraídos ao extremo. Sabemos que o ritmo frenético de nossa rotina nos rouba constantemente a capacidade de contemplação. Raramente gastamos tempo ou temos oportunidade de interagir adequadamente com o que nos cerca. O barulho de nossas urgências é ensurdecedor e sufoca as outras vozes que também estão falando. Temos capacidade de aprender com o que vemos e ouvimos assim como com o que praticamos. No entanto, quando nossos sentidos estão embotados, necessitamos de doses maciças de uma espécie de desintoxicante.

Nem sempre as tão esperadas férias são usadas com o tipo de lazer que nos desintoxica adequadamente. E sejamos honestos, nenhum período de trinta dias de descanso é suficiente para  reordenar o que se acumulou por meses. Por isso, o ideal seria separar tempo intencional ao longo de nossos dias, semanas e meses, para uma reciclagem. O sábado existe em nossa semana com esta função, no entanto, geralmente não é observado como deveria. Este tipo de sugestão não é uma apologia ao ócio e sim o oposto disto, já que visa extrair o melhor de cada um de nós. É comum executarmos tarefas de forma mecânica e facilmente incorporá-las a nossa rotina e uma vez estabelecidas, elas nos sufocam.

Assim como a pressão exercida pelas águas inviabiliza a permanência humana em determinados locais, não fomos desenhados para sofrer pressão constante. Esta pressão se intensifica sempre que ultrapassamos limites saudáveis de convívio e de trabalho. À semelhança das criaturas que vivem nas profundezas, o ser humano possui características que o conectam, adequadamente, ao seu ambiente. Precisamos doses adequadas de descanso, de lazer, de aceitação, de propósito, de amor, etc. A ausência destes ingredientes gera exposição de nosso frágil ser, a pressões superiores às existentes nas águas profundas dos oceanos. Talvez alguns de nossos órgãos já tenham sido danificados por conta desta exposição.

“Superfícies apenas mascaram a verdadeira profundidade. Somos o que não vemos.”  Tumblr

Explorando a profundidade

A natureza toda funciona em harmonia e só perde sua capacidade de se reciclar quando o homem interfere em seus ciclos. Infelizmente não aprendemos ainda como nos relacionar corretamente com o que nos cerca. Não são apenas os oceanos que nós poluímos, mas nossas próprias vidas, com a quantidade excessiva de lixo absorvido. Colecionamos conceitos a respeito de nós mesmos que contaminam nossas entranhas. Eles possuem sua gênese nos primórdios de nossa infância. Adiamos lidar com a origem de alguns deles imaginando erroneamente que se decomporão. No entanto, esta postura frequentemente agrava os efeitos maléficos que causam em nossa abordagem da vida.

Comprovadamente, um diagnóstico precoce aumenta consideravelmente as chances de cura em relação àquele recebido tardiamente. Por isso, quanto mais cedo buscarmos compreender as dinâmicas que elegemos para fundamentar nossas escolhas, tanto melhor. O melhor psiquiatra e médico é aquele que nos desenhou – o Deus Criador. Ele fez os peixes e cada uma das criaturas que povoam os oceanos com características únicas que permiti-lhes sobreviver. De maneira idêntica, fomos desenhados cuidadosa e detalhadamente para transpor os desafios que enfrentamos. Pois, em alguma medida, cada um de nós sente-se desafiado por questões existenciais.

Portanto, a mesma beleza que encontramos na profundidade dos oceanos, existe nas profundezas de nosso ser. É lá que se instalam nossos conflitos e é de lá, também, que exalamos perfume. O grande desafio que temos é lidar com a pressão exercida quando tentamos acessar estes lugares. As mãos do mais habilidoso cirurgião não são capazes de extrair de dentro de nós o que nos perturba. Contudo, quando recorremos à única fonte confiável de resposta, que é o Deus Criador, somos desvendados. Mais do que um diagnóstico correto, Ele tem capacidade de nos curar e ajustar.

“Ninguém experimenta a profundidade do rio com os dois pés.”  Provérbio Africano

Perdendo a terra de vista

“O homem só pode descobrir novos oceanos se tiver coragem de perder a terra de vista.”  André Gide

O primeiro passo para aprofundar nossa análise a respeito do que nos limita é a disposição de arriscar. Por isso, é determinante a resolução de sair de nossa zona de conforto, desbravando territórios não conquistados. Algumas descobertas só são feitas quando nos dispomos a lidar com o que permanece escondido, pois, alguns aspectos de quem somos não estão expostos. A superfície nem sempre denuncia o que a profundidade esconde, assim como, nem sempre temos consciência de tudo que nos influencia. Porque, cada um de nós é um universo e precisa ser compreendido como tal.

As diversas camadas que se formam ao redor de algumas feridas e desapontamentos podem muito bem estar retardando sua cura. Portanto, à medida que são removidas, oferecem a possibilidade de uma análise mais realista. Nossos medos nos aprisionam e cada um deles é um vilão que precisamos derrotar e ninguém fará isso em nosso lugar. Mas, temos a opção de contar com a ajuda do Espírito Santo. Nas profundezas de nosso ser existe um espírito, por isso, somente o Espírito Santo é capaz de acessar estes lugares. Ele é Deus na terra hoje e Seu principal papel é revelar-nos o coração de Deus a nosso respeito.

Ele carrega respostas que aliviam o fardo pesado que carregamos e também o oxigênio que necessitamos para acessar a profundidade de nosso ser. Quando insistimos em acessar estes lugares sozinhos nos falta o ar e a pressão nos desmonta. Ele conhece a capacidade individual que possuímos e qual a velocidade adequada para avançar. Contar com Sua ajuda não é privilégio de alguns, pois, Ele está disponível para todo aquele que se percebe como finito e impotente. Ele é cavalheiro, portanto, espera por um convite nosso para nos conduzir em um mergulho profundo pelo oceano de nossa existência.