Ao conjugarmos os verbos de nossa existência, estamos definindo quem somos. Existem verbos que são conjugados para dentro, outros para fora, e ainda outros atingem nosso interior e exterior em igual medida.
O verbo amar é um destes verbos que exercem função dupla. Amar é um verbo conjugado para dentro e para fora ao mesmo tempo. Em igual medida afetamos, e somos afetados, quando conjugamos o verbo amar. Ninguém que ama fica imune a seus efeitos.
Odiar é igualmente um verbo com dupla influência. Engana-se quem pensa que ao odiar, apenas o outro é afetado. Diria que mais afetado é quem odeia, do que o odiado. Diz-se da pessoa que odeia, que ela toma diariamente uma porção de veneno, desejando secretamente que o outro morra. Na verdade, a morte opera muito mais em quem odeia.
A nobreza do perdão
Perdoar é um verbo com conjugação dupla. É o antídoto que libera o ofensor e o ofendido simultaneamente. Pode eventualmente ser vivido apenas para dentro, mas isso, subtrai o poder que tem de transformar o outro.
Sentir pode ser um verbo de dupla ação, quando permitimos que outros conheçam nossos sentimentos. Mas pode, também, ser um verbo conjugado para dentro, quando escolhemos não revelar o que nos perturba, angustia ou quem sabe, nos alegra e motiva.
Viver é um verbo que só pode ser conjugado para fora, assim como correr, fazer, sorrir. Esses são verbos que, inevitavelmente, atingem outros. Não podem ser sufocados ou escondidos. Isso não significa publicidade ou exposição gratuita, mas implica em manifestação externa.
Os verbos de dentro
Tantos os verbos conjugados para dentro, como os para fora, e especialmente aqueles com função dupla, são escolhas diárias que fazemos. Nosso livre arbítrio nos permite escolher os verbos que desejamos conjugar.
Façamos escolhas sábias. Conjuguemos verbos que nos deixem mais parecidos com Jesus. Ele é o verbo encarnado de Deus.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” João 1:1-3