brevidade da vida

Meditar na brevidade da vida e achar sentido para nossa existência não é tarefa fácil. Certamente já vivemos estações em que nos fizemos esta pergunta. Já que, buscar significado e fazer escolhas que nos aproximem de nossos sonhos é no mínimo apropriado, para não dizer decisivo. Nossa mente é limitada para compreender a brevidade de nossos dias, quando analisada a partir de uma perspectiva eterna. Pois, fomos criados por um Deus imenso, eterno, que desenhou o universo e nos inseriu num contexto gigantesco. 

No entanto, a eternidade foi depositada no coração humano, em formato de semente. Esta partícula invisível de nosso ser, assim como cada um de nossos órgãos internos e externos, possui função específica. É dela a tarefa de conferir dimensão correta ao que vivemos. Pois, o grito, por vezes silenciado, que anela respostas, tem sua origem neste lugar. É exatamente lá, no âmago de nosso ser, que os questionamentos e as inquietações nascem. A verdade que revela o que está por trás de nossa breve passagem por esta vida, não é encontrada, a não ser que incluamos o Criador de todas as coisas, nesta equação.

“Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.” Eclesiastes 3:11

“Quando considero a brevidade da existência dentro do pequeno parêntese do tempo e reflito sobre tudo o que está além de mim e depois de mim, enxergo minha pequenez. Quando considero que um dia tombarei no silêncio de um túmulo, tragado pela vastidão da existência, compreendo minhas extensas limitações e, ao deparar com elas, deixo de ser deus e liberto-me para ser apenas um ser humano. Saio da condição de centro do universo para ser apenas um andante nas trajetórias que desconheço.”  Augusto Cury

Olhando de cima para baixo

Tudo que observamos de cima, nos oferece melhor perspectiva. A visão do passageiro do avião, que observa a cidade e seus habitantes diminuírem à sua vista, enquanto a aeronave decola, certamente difere da que tem o motorista preso no congestionamento. Os carros, casas, prédios, cidades e oceanos vistos de cima assumem proporção diferente da que possuem quando analisados de perto. Por isso, é importante colocar as circunstâncias em perspectiva correta, quando se pretende atribuir valor a cada uma delas.

Pois, perder tempo e gastar energia com situações menores drena nossa capacidade de sonhar e de encontrar respostas. Ao passo que o estabelecimento correto de prioridades está intimamente ligado ao que consideramos importante. Por isso, a desculpa de que não temos tempo para determinada atividade ou interação, nada mais é do que uma declaração de que tal coisa não é importante. Porque comumente priorizamos o que valorizamos. Inegavelmente, somos os únicos responsáveis pela maneira como escolhemos gastar nossos dias.

Portanto, deveríamos perseguir com afinco e determinação o verdadeiro sentido de nossa existência. Certamente essa descoberta é gradativa e não limita-se à análise de apenas uma faceta de quem somos. Muito além dos aspectos práticos e legítimos de se buscar ascensão profissional, da constituição de uma família, encontra-se o encaixe de nossa vida dentro de um universo infinito. É sabido que a experiência dos astronautas, cujos pés tocaram a superfície da lua, em relação à terra, foi assombrosa. Eles tiveram a oportunidade única, de observar a pequena bola em que habitamos, flutuando no universo infinito.

“Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.” Tiago 4:14

O homem e a eternidade

Porque na terra nossa existência é finita, temos a tendência de analisar tudo com um olhar limitado. A eternidade ultrapassa essa ordem de coisas e foi estrategicamente desenhada por um Deus que não conhece princípio de dias e nem fim de existência. Fomos criados à Sua imagem e semelhança, por isso, também somos eternos. Os setenta ou cem anos de existência que nos foram concedidos nesta terra, quando colocados sob esta perspectiva, não admitem vaidades de qualquer espécie. No entanto, lutar contra esta tendência, talvez seja nosso maior desafio.

As escolhas que fazemos, nos transformam em quem somos. Não existe ninguém responsável pelos rumos de nossa vida a não ser nós mesmos. Certamente alguns são mais afortunados do que outros no que se refere às oportunidades. No entanto, não são as oportunidades que definem quem somos, e sim como lidamos com elas. Nenhum desafio, por maior que seja, tem poder de nos destruir se não permitirmos. Assim como, nenhuma conjuntura é suficientemente poderosa para catapultar nosso futuro, se não ousarmos. 

Em última análise, a quantidade de vaidade que abrigamos, é diretamente proporcional à maneira como nos percebemos. Vaidade não é o mesmo que autoestima, enquanto uma corrompe o verdadeiro sentido das coisas, a outra é imprescindível para a compreensão correta de quem somos. Os vaidosos são os que pensam de si mesmos além do que convém, e não atentam para a brevidade de seus dias. Contudo, os que possuem autoestima, são os que entendem seu valor e papel e comportam-se como pessoas finitas, que nasceram para ser eternas.

O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa.” Salmos 144:4

A brevidade da vida terrena

A fragilidade da vida é comprovada e inquestionável. Uma enfermidade pode colocar em risco muitos de nossos planos. De maneira idêntica, um acidente pode abreviar a vida de forma brutal e prematura. São muitas as circunstâncias que nos afetam e que confirmam que somos como um vapor. Somos pó e voltamos para o pó. No entanto, nestes vasos de barro, que se percebem finitos e limitados, existe um espírito eterno. Os que equilibram essas duas verdades e transitam pelos anos de sua existência com perspectiva eterna, são os que extraem da vida sua essência.

Inegavelmente somos mais do que a comida que comemos, do que a roupa que vestimos ou do que a casa e o carro que possuímos. O alicerce que sustenta o valor de nossa vida, e que dá sentido à nossa existência precisa ser sólido. A solidez que perseguimos está no Ser eterno que nos criou. Nada fora dEle explica ou traduz, de forma eficaz e verdadeira, quem somos e para o que existimos. Portanto, passar por esta vida sem experimentar um relacionamento de intimidade com quem nos modelou, é o maior de todos os desperdícios. No entanto, viver cada segundo de nossa existência, discernindo que tudo não passa de um grande treinamento, acrescenta significado e valor ao que fazemos e somos.

Sendo eternos, ansiamos pela eternidade e temos saudades do que nunca vimos. Portanto, o verdadeiro sentido de nossa existência não se esgota nesta vida. Pois, sem a perspectiva da eternidade a brevidade da vida nos aprisiona, sufoca e confunde. Temos que esperar mais da vida do que aquilo que vivemos e experimentamos nesta ordem de coisas. Já que, o importante é invisível aos olhos. Portanto, por mais contraditório que possa parecer, a consciência de nossa fragilidade deve ser posta em perspectiva eterna. Porque, tratam-se de verdades interdependentes e complementares. Portanto, esse é o principal motivo pelo qual ambas precisam compor nossa visão da vida.

“Se você nunca parou para ver uma vela queimar-se até extinguir-se sua luz, nunca entendeu o sentido da vida.” Argeu Ribeiro