Reinvenção é uma palavra que assusta algumas pessoas, enquanto motiva outras. Nossa vida é recheada de momentos que propiciam a reinvenção. No entanto, nem sempre classificamos estas oportunidades de maneira correta. Ou seja, aquilo que para alguns representa uma chance de fazer diferente, para outros pode bem ser um grande obstáculo. O que diferencia nossa ótica são os conceitos limitantes que abrigamos. Infelizmente nossa sociedade impõe alguns padrões que não podemos aceitar como legítimos. De maneira idêntica, nossa criação alimentou algumas inseguranças e medos que precisam ser desinstalados de nosso DNA.
Ao permitirmos que nos definam ou rotulem, estamos concordando com limites não testados. Ou seja, nenhuma outra pessoa deveria ter permissão de ocupar o lugar de protagonismo em nossa vida. Pois, mesmo que o pretexto seja o de aconselhar ou proteger, fomos criados com a necessidade de conquista e avanço e testar limites contribui para implementação deste processo. Portanto, cada vez que alguma crença limitante é incorporada ao nosso modus operandi, deixamos de explorar possibilidades. O medo da reinvenção se manifesta de várias formas e pode estereotipar-nos, porque está baseado em premissas erradas que podem ser modificadas.
A capacidade de reinvenção do ser humano não está atrelada ao seu tipo físico, grau de instrução, raça, gênero ou qualquer característica biológica. Todos nós nascemos com capacidades que precisam ser exploradas e desenvolvidas. Pois, mesmo aquilo que classificamos como dons e competências, precisam ser aprimorados. Por isso, gostar menos ou mais de determinada área ou atividade não é o mesmo que não ter habilidade de desenvolver aquela tarefa. Engana-se quem pensa que os profissionais que se destacam em suas áreas de atuação possuem algum tipo de poder sobrenatural. Uma vez que, quando analisamos sua trajetória, facilmente concluímos que são pessoas comuns que dedicaram-se a aprimorar algum aspecto daquilo que queriam fazer.
“Poder se reinventar após experiências negativas é o segredo da felicidade.” O Ilusionista
Sonhar é permitido
O sonho pode ser a mola propulsora da trajetória que nos conduzirá para nosso destino. Mas, apenas sonhar não é o bastante. Temos que ter uma estratégia vinculada a cada objetivo que traçamos. O trabalho duro e disciplinado é o alicerce sobre o qual o sonho se estabelece. Quando uma alternativa falha podemos testar outras possibilidades, analisando ângulos que ainda não foram explorados. Aquilo que consideramos o fim do túnel pode ser a passagem para uma nova etapa. De maneira idêntica, podemos nos reinventar fazendo a mesma coisa de um jeito diferente, inovando métodos e aprimorando resultados. A familiaridade pode ser um inimigo em muitos casos, portanto, devemos confrontá-la.
Uma nova necessidade deve nos desinstalar de nossa zona de conforto. Que é o lugar que mais nos prejudica e no qual gostamos de permanecer. Nosso cérebro gosta de padrões e sempre resistirá a qualquer sugestão de responder diferente. Pois, a existência de um modelo previamente formatado incentivará a repetição. Teremos que empreender um gasto maior de energia quando desejamos mudar estes padrões, incorporando novos horizontes ao nosso cotidiano. O sonho, por definição, é algo abstrato que não possui correspondência no mundo físico e real. No entanto, em cada sonhador existe potencial de transformar seus sonhos em realidade. Contudo, isso só acontece na vida daqueles que entendem que precisam dedicar-se, perseguindo aquilo no que acreditam.
“A gente não precisa de certezas estáticas. A gente precisa é aprender a manha de saber se reinventar. De se tornar manhã novíssima depois de cada longa noite escura. A gente precisa é saber criar espaço, não importa o tamanho dos apertos.” Ana Jácomo
Modifique sua resposta
O cotidiano nos engessa e impõe ritmos que assassinam nossa espontaneidade. O compromisso com o relógio e com tudo que é urgente subtrai o que é importante. Dialogar com estes dois mundos, extraindo deles o melhor, é um diferencial que temos que almejar. Precisamos de inteligência emocional aliada a um senso de praticidade que nos permite otimizar o uso de nosso tempo. Inegavelmente o tempo é a principal commodity que somos desafiados a gerenciar. Portanto, não seria inteligente desperdiçá-lo andando em círculos. Um contratempo em nosso dia pode ser uma oportunidade de mudar de rota ou de desperdiçar energia reclamando. Um olhar treinado e faminto por mudança saberá identificar chances de introduzir o novo.
A dor é pedagógica e não devemos temê-la como consequência do erro ou do acaso. Ninguém buscará machucar-se de propósito, nem seria lógico abandonar-se nos braços do desconhecido sem reservas. Contudo, o excesso de previsibilidade nos mutila, assim como a familiaridade nos limita. Precisamos de doses de imprevisto e conflito em nossa jornada. Pois, a ostra feliz não produz pérola. Já que é o atrito causado pelo desconforto da substância indesejada que provoca a produção do revestimento produzido pela ostra, transformando o grão de areia na pérola. As pérolas não existiriam se os detritos não invadissem o molusco e assim é conosco.
O medo funciona como um ímã, atraindo informações que o legitimam. Nossa mente buscará instintivamente protótipos que resistirão a qualquer sugestão de mudança, evitando o risco. Mas, ainda que seja um aspecto poderoso de nossa psiqué, o cérebro possui plasticidade e comprovadamente pode ser reprogramado. Desde simples hábitos alimentares até fobias irracionais podem ser modificadas. Qualquer forma de medo deve ser confrontada se quisermos explorar plenamente nossas capacidades. Medos nos limitam e escravizam e por mais que tenhamos razões de sobra para temer o desconhecido, ele deixa de ser desconhecido no momento que ousamos desbravá-lo.
“Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo. Gente que não tem dúvida só é capaz de repetir.” Mario Sergio Cortella