lutar em amor

Lutar pela defesa de um território ou posicionamento é legítimo. Já que, muito pior que uma derrota em qualquer campo de batalha, é a apatia que nos mantém estagnados. Nascemos com a necessidade de conquista e com o anseio de avançar. Inegavelmente, o principal combustível desta guerra são nossos sonhos e ideais. De maneira idêntica, nossa ótica da vida e a maneira como nos percebemos são determinantes no papel que exercemos. Alguns percebem-se conclamados a lutar incansavelmente por suas causas. Consequentemente são movidos pelas metas que estabelecem e não temem qualquer nível de confronto.

Outros, no entanto, podem assumir posicionamentos menos ofensivos, quase neutros, porque não convivem bem com o enfrentamento. Seja qual for o perfil que tenhamos, é fato que temos um conjunto de valores que rege nossas escolhas. Por consequência, quer gostemos ou não, ao longo de nossa existência, esbarramos em pessoas que pensam diferente de nós. Nem mesmo dentro de uma mesma família existe consenso. Pois, teoricamente, pessoas expostas a uma mesma criação ou ambiente, deveriam ter reações semelhantes. Nada mais se distancia da verdade do que supor que são apenas estes os fatores que formam quem somos.

Certamente nossa criação, o lugar onde vivemos, nossa classe social, nacionalidade e muitos outros fatores influenciam a composição de quem somos. No entanto, cada ser humano é único e possui capacidade de fazer escolhas que podem muito bem contrariar a parcela da sociedade em que está inserido. Considerando que fomos criados para viver em comunidade e que o convívio com nosso semelhante nos enriquece, urgentemente, precisamos encontrar o equilíbrio entre a expressão de nossa identidade e a ofensa e o desrespeito. Obviamente não gostamos da ideia de ter qualquer direito à liberdade de expressão tolido. Mas, a máxima que diz que minha liberdade acaba quando começa a do outro, é muito verdadeira.

“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.” Albert Einstein

Unidade na diversidade

Buscar unidade em tudo que vivemos nem sempre é possível. Mas a vida em sociedade exige que se busque soluções civilizadas de convívio. Outro fator importante a ser considerado é o fato de que a unidade só é promovida onde existe diversidade. Não teria sentido buscar unidade em algo que, por natureza, já é similar. Já que, onde as semelhanças já foram estabelecidas, não há necessidade de construir unidade. Pois, ela é intrínseca. O desafio nasce, portanto, quando pensamentos antagônicos e opostos são apresentados. Neste momento temos que escolher não desumanizar quem pensa diferente de nós. Porque, a guerra que travamos, seja defendendo um território ou tentando avançar na direção de um alvo; não deve ser ganha a qualquer custo.

Lutar usando armas que destruam o direito e espaço do outro; em benefício próprio, nunca será a melhor estratégia. É sabido que toda e qualquer guerra pressupõe baixas. Ou seja, na batalha as perdas acontecem, e os que estão na linha de frente são os mais afetados. Inevitavelmente as grandes conquistas da humanidade e os avanços civilizatórios foram gerados em meio ao posicionamento de uns poucos que não temeram oposição. Pois, quanto maior a causa e a mudança que desejamos promover, tanto maior deve ser nossa determinação de viver e morrer por ela.

“Quem não tem uma causa pela qual morrer não tem motivo para viver.” Martin Luther King

Lutar em amor

Jesus foi um grande revolucionário. Ele nasceu sabendo que Sua morte era o principal destino de Sua vida. Pois, sabia que através dela reconciliaria a criatura com o Criador. Ele nunca enganou os que desejavam segui-lo, antes alertou-os para a importância de imitarem Seus passos. Ou seja, os que quisessem Segui-lo, deveriam tomar sua cruz, rumando para o lugar de morte. Ele não incentivou a guerra com lanças e flechas. Antes, sofreu como uma ovelha muda diante de Seus tosquiadores. No entanto, tinha uma causa pela qual estava disposto a morrer. Seus ensinos demonstraram que a verdadeira batalha é ganha no lugar de rendição.

Pois, é quando oferecemos a face ao que nos bate, que provamos acreditar no valor do que proferimos. De maneira idêntica, ao perdoarmos quem nos ofende, direcionamos nosso foco para o que tem valor eterno. A compreensão da fragilidade de nossa existência, à luz da eternidade; bem como da importância de nossa vida; certamente, é o equilibra a batalha. Porque, nascemos para deixar nossa marca. Já que, ninguém pode fazer ou substituir nosso papel na história da humanidade. No entanto, nossa vida se esvai muito rapidamente e o orgulho e a altivez não são bons mestres.

Por isso, ao assumirmos o protagonismo de nossa vida temos que, essencialmente, permitir que o outro assuma seu protagonismo, também. Portanto, lutar por nossos ideais é legítimo e imprescindível. Mas, a verdadeira motivação da luta deve ser a promoção do amor. Qualquer causa que não objetive diminuir a distância entre os seres humanos é, no mínimo, vazia de significado. Aprender a lutar em amor é abrir mão de ter razão em alguns momentos. É também saber ouvir e oferecer empatia ao que discorda de nosso ponto de vista. O verdadeiro grito é aquele que damos ao morrermos pelo outro, e por aquilo que ele não compreende ou valoriza no momento.

“Ser grande, é abraçar uma grande causa.” William Shakespeare