Nosso valor está atrelado primeiramente à nossa capacidade de reconhecer nossa identidade. Pessoas com identidades frágeis ou nubladas, têm dificuldade de se situar em relação a seu valor real. Pois, cada um nasce com potenciais que precisam ser desenvolvidos e explorados. No entanto, são muitos os desafios que precisamos superar até que as camadas que cobrem nossa essência sejam removidas.
Porque nosso valor não é sustentado por coisas externas como posição social, socioeconômica ou nível de instrução. Nosso valor está alicerçado em quem somos. Nossa essência é resultado de uma trajetória que pode ter incluído muitos fracassos. No entanto, cada um deles nos molda. Pois, quanto maior são os desafios, tanto maior são as oportunidades de transformá-los em aprendizado.
“Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, enfim, de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete. Duvide do controle que a miséria, ansiedade, egoísmo, intolerância e irritabilidade exercem sobre você. Use a dúvida como ferramenta para fazer uma higiene no delicado palco da sua mente com o mesmo empenho com que você faz higiene bucal.” Augusto Cury
O relógio e seu valor
“Certa vez um pai, antes de morrer, disse ao filho: este é um relógio muito antigo do teu bisavô, tem mais de duzentos anos. Antes de ficares com ele; tenta vendê-lo no café. O filho lá foi e voltando disse que no café pagariam R$10,00, por ele. Então o pai disse: agora vai à relojoaria e faz a mesma coisa. Indo à relojoaria conseguiu uma oferta de R$30,00 pelo relógio. O pai disse: agora vai ao museu e mostra lá este relógio. Quando voltou; disse ao pai: no museu ofereceram R$500.000,00 pelo relógio!!! O pai então disse: queria que aprendesses que o lugar certo reconhece teu valor. Por isso, não fiques irritado por não te valorizarem no lugar errado. Quem sabe teu valor é quem o aprecia. Portanto, nunca fiques num lugar que não combina contigo. Conheça seu valor!”
Este texto simples e direto, de autor desconhecido, é um belo exemplo de como o posicionamento é importante. Isto é, nosso valor pode ser celebrado ou anulado, de acordo com o ambiente onde estamos inseridos. Obviamente uma joia jamais perde valor, mesmo quando jogada no lixo. No entanto, ela pode bem ser esquecida e jamais cumprir seu papel. De maneira idêntica acontece conosco. O fato de não nos reconhecermos corretamente nos conecta com pessoas e situações que potencializam nossas inseguranças e medos.
Virando a página
Inegavelmente não existe uma receita de bolo que possa ser seguida e garanta o sucesso. Pois, a individualidade abre um leque de opções que precisam ser analisadas de acordo com cada contexto. Contudo, temos consenso no fato de que é nossa decisão que desencadeia a mudança. Pois, por mais que existam fatores externos que não controlamos, nossa reação a eles deve e pode ser controlada.
Por isso, é este o entendimento que constitui o ponto de partida para qualquer mudança que se busque. Ou seja, sem assumir o protagonismo e a responsabilidade pela mudança, não vamos a lugar algum. A virada de página não acontece quando fazemos um giro de 180 graus necessariamente. Porque na maioria dos casos ela é gradual e progressiva. O simples fato de querer mudar tudo de uma vez só dificulta a transição.
Portanto, buscar lugares de aceitação e de convívio saudável acontece quando nos respeitamos. Respeitar nossa limitação, assim como conhecer nossos pontos cegos é decisivo. Toda mudança ou ajuste que desejamos acontece primeiro em nós. A partir do que acontece conosco e em nós, as situações externas se alinham. Por isso que toda tentativa de correção de rota que inicia de fora para dentro não é bem sucedida.
Assumindo nosso lugar
Temos dentro de nós força e capacidade de nos reinventar muito superiores ao que identificamos. São exatamente os desafios que nos encurralam e nos propiciam extrair força de onde ignorávamos. Cada um de nós precisa de desafios crescentes que promovam nosso crescimento. Enxergar estas oportunidades, lidando com elas de forma coerente, é onde a linha divisória que separa vencedores de perdedores é traçada.
No entanto, perdas eventuais também fazem parte do processo de crescimento. Catalogá-las corretamente é incorporar maturidade à nossa jornada. Virar a página acontece sempre que finalizamos um ciclo e iniciamos outro. Colecionar estes aprendizados, aplicando-os intencionalmente, nos transforma em pessoas sábias.
“A honra é, objetivamente, a opinião dos outros acerca do nosso valor, e, subjetivamente, o nosso medo dessa opinião.” Arthur Schopenhauer
Escolhendo o que tem valor
A escolha do melhor está diretamente ligada ao autoconhecimento. Isto é, quanto mais nos conhecemos tanto maior será nossa capacidade de escolher com sabedoria. Nossa vida é o conjunto de escolhas que fazemos. Instintivamente escolhemos pessoas que tenham objetivos parecidos com os nossos. Por outro lado, podemos também conviver com quem não possui objetivos e isso nos afeta.
As tentativas de crescimento em locais errados frustram e atrasam a realização de sonhos. Sonhar é legítimo e necessário. Uma pessoa desprovida de sonhos é alguém que vive pela metade. Viver intensamente o presente e planejar um futuro só é possível para os que se conhecem e estão no local adequado. A arte de se perceber corretamente e buscar o habitat correto para fixar raízes é fundamental.
Qualquer solo que não produza nutrientes adequados para a semente inviabiliza a frutificação. Certamente existem técnicas de fertilização do solo. Mas, ainda assim, existem condições mínimas que precisam ser atendidas. Temos que ter coragem de classificar corretamente o lugar onde estamos plantados e ter coragem de mudar de solo quando este não for adequado. Mudanças são sempre desafiadoras mas o ser humano maduro é aquele que a cada dia aprende um pouco e muda um pouco.
“Ninguém pode fazer com que você se sinta inferior sem o seu consentimento.” Eleanor Roosevelt
Selecionando nosso convívio
Pessoas e ambientes nos afetam mais ou menos, de acordo com o grau de acesso que damos a elas. Temos que ser criteriosos em relação ao que permitimos que penetre nosso coração. A solução não é usar uma couraça. Mas também não podemos ser totalmente permeáveis a toda espécie de crítica e sugestão. Equilibrar o convívio e separar o que pode agregar do que destrói é ser sábio.
A busca de um equilíbrio entre ouvir opiniões e ter opiniões, sendo capaz de brigar por elas é fundamental. Se nem nós acreditarmos em nosso valor, outros não farão. Certamente é frustrante se perceber com potencial e não ser reconhecido como tal. No entanto, parte deste reconhecimento acontece quando temos coragem de lutar por um lugar ao sol. Longe de ser inadequado, esta postura é essencial quando queremos avançar.
Em resumo, deixar que outros atribuam valor a nossas conquistas e até mesmo ao nosso fracasso é um equívoco. Pois sempre que isso acontece, um pouco de quem somos se esvazia. Outros perceberão nosso valor, no exato momento que nos percebermos do jeito certo. Sem arrogância ou pretensão, temos valor porque dentro de cada ser humano existe uma alma eterna. É exatamente por isso que não devemos permitir que nos diminuam ou menosprezem.
“Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento.” Abraham Lincoln