suave voa mais longe

Tudo que é suave, voa mais alto. E o que é suave não cai; pousa. Seja uma palavra ou gesto de desaprovação; tudo, absolutamente tudo que expressamos com suavidade, tende a ser melhor aceito. Porque a suavidade é um tipo de tempero que equilibra e inibe o argumento ferino. É também aquele ingrediente que acrescenta ternura e empatia ao que verbalizamos. O carinho sempre une; enquanto a agressividade tende a separar. Os ruídos em nossa comunicação são fundamentados basicamente em alicerces débeis de nossa alma. Ou seja, denunciam fragilidades de nosso caráter e feridas que hospedamos.

A dor que abrigamos no íntimo, é aquela que expressamos quando alguns gatilhos são acionados. Nem sempre são as palavras que a denunciam. Por vezes é no silêncio que ela se aloja. Portanto, defender um ponto de vista com agressividade ou se calar completamente, são dois lados da mesma moeda. Já que, aquele que fundamenta sua coerência na agressão, pensa com isso intimidar quem o ouve. Já o que cala simplesmente, como se superior fosse, oferece indiferença a quem com ele não concorda. Diz-se que o oposto do amor não é o ódio e sim a indiferença. Portanto, o desrespeito oferecido através do silêncio ou do discurso agressivo revelam orgulho e ausência de empatia.

Escolher a suavidade como árbitro das diferenças é sinal de inteligência emocional. É, também, demonstração de valorização do outro. Pois, cada um de nós é único e merece ter espaço para manifestar opiniões e fazer escolhas. Por isso, qualquer comportamento que iniba nosso livre arbítrio ou limite nossa expressão constitui uma violação de nossa identidade. Porque, quanto mais opressiva for a cultura de uma nação, instituição ou família, tanto maior será o dano causado sobre quem somos. Em contrapartida, quanto mais liberdade tivermos para expressar nossa essência, tanto maior será o amadurecimento de nossa relação com nosso próximo.

A vida suave

A vida passa depressa e não podemos arriscar perder esta carona. O passado nem sempre pode ser ajustado, mas temos o presente para viver. Por isso, temos obrigação de fazer diferente, quando almejamos resultados distintos. Pois, se continuarmos lidando com os desafios e diferenças com a mesma postura, colheremos resultados idênticos aos que desejamos evitar. Mesmo quando temos uma trajetória linear e de sucesso no que se refere aos relacionamentos, temos espaço para crescer. Ou seja, nunca sabemos tudo ou esgotamos as possibilidades de estreitar a relação com os que nos rodeiam. Especialmente com aqueles que divergem, oferecendo contraponto à nossa ótica.

Portanto, oferecer ao outro a oportunidade de ser quem é; é antes de tudo, uma demonstração de respeito. Os culpados espalham culpas; já os que amam espalham amor. Só vamos achar amor de verdade, quando o ódio virar saudade. E a saudade tem fronteiras, daqui para frente já é saudade. Por isso, desperdiçar oportunidades de expressar afeto, nunca é sábio. Devemos antes escolher suavizar os momentos desafiadores com um olhar carinhoso e otimista. É disto que a vida é feita. Pois, cada um de nós possui desafios pessoais que podem ser amenizados no convívio com quem se dispõe a andar do nosso lado de forma coerente.

O dedo que acusa, o grito, ou qualquer forma de manifestação violenta não agrega. Seja qual for a circunstância, nada justifica ou valida o descontrole emocional. Porque tanto com palavras, como com gestos e escolhas, ferimos facilmente os que nos rodeiam. Nossa negligência e omissão também representam uma pancada, nos que almejam parceria. No jogo da vida, não temos opção de escolher o anonimato, já que nossa marca é deixada quando agimos e quando nos esquivamos. O retraimento é uma escolha. E quem escolhe se omitir, está revelando suas prioridades e um pouco de seu caráter inseguro e egoísta.

Só temos o hoje

Não podemos adiar a vida. Porque, só temos o hoje. Por isso, deixemos o amanhã para amanhã. E o amanhã no controle de Deus. Vivamos o hoje com toda intensidade que pudermos, sem negligenciar as oportunidades de aprender com cada circunstância. De maneira idêntica, não é sábio ignorar quem está ao nosso redor, como se não fizesse parte de nosso desenho. Cada pessoa tem algo a nos ensinar e precisa de um pouco de quem somos. Nenhum de nós sentiria solidão ou abandono se escolhesse se relacionar de maneira correta. Ou seja, temos inúmeras oportunidades de repartir quem somos e absorver um pouco de nosso semelhante.

O hoje nos oferece a oportunidade do erro e do acerto. E, mesmo quando erramos, estamos avançando, porque existe aprendizado disponível. Ao aprendermos de forma dura com nossa falha, a maturidade toma forma e nosso coração é sensibilizado. Portanto a humildade de reconhecer o erro é o que nos capacita a perdoar e estender a mão com empatia a quem sofre. A superficialidade dos relacionamentos não acrescenta nada à nossa trajetória. Mas a interação e o atrito gerado através deles nos molda e aperfeiçoa. Por isso, os que desistem facilmente de lutar por seus sonhos, afastam-se dos que podem ser peça fundamental na construção deles.

A suavidade está presente nas pequenas criaturas criadas e na natureza de forma geral. A perfeição de uma pétala ou de um floco de neve revelam um Criador detalhista e que nos criou à Sua imagem e semelhança. Deus ama o belo e somos atraídos por aquilo que expressa beleza e suavidade. Portanto, podemos escolher ser canais de aceitação e de beleza. Porque cada um de nós tem potencial de amar e expressar o que tem poder de transformar o ambiente em que estamos. Somos agentes da mudança que desejamos e ela não será alcançada de forma imposta. Pois toda mudança começa de dentro para fora. Por isso, começa em nós para atingir aos que estão perto.

“O miserável receio de ser sentimental é o mais vil de todos os receios modernos.” G. K. Chesterton